O pavio está aceso

 

Os homens do Sistema escaparam por pouco. Esquerda e direita revelaram, de forma particularmente espectacular nas regiões de Nord-Pas de Calais-Picardie e PACA, a sua profunda cumplicidade, com o único propósito de salvar as suas prebendas (aquilo a que chamam “salvar a República”).

A vitória deles foi uma vitória de Pirro. O diário “La Provence” (de 14 de Dezembro de 2015) é obrigado a reconhecer, contrariado, que “a paisagem política assemelha-se a um campo de ruínas”. Mas nós somos os homens no meio das ruínas…

Os números são estes: a Frente Nacional, conseguindo 6,28 milhões de votos, passa de 118 a 358 conselheiros regionais. E, quando olhamos de perto para os resultados, vemos desenharem-se realidades no terreno. Assim, no departamento de Alpes de Haute-Provence, Marion Le Pen está à frente em 54 municípios. Tal significa que o segredo de futuros êxitos está na implementação regional e local, com a perspectiva de conquistar câmaras municipais e estabelecer redes eficazes.

Mas o mais importante não está aqui. Está nas perspectivas que se abrem para aqueles que, como nós, consideram que os desafios eleitorais são simples alavancas para contribuir – apenas contribuir – para o derrube do sistema. Este colapso tornar-se-á possível quando, na cabeça das pessoas, tenha progredido a mentalidade revolucionária (o Sistema não se discute, destrói-se).

O essencial é a conquista cultural dos espíritos, que prepara, como ensina Gramsci, a conquista política. Deste ponto de vista, estamos no bom caminho e os menos estúpidos do outro lado sabem-no muito bem (é mesmo o que os inquieta mais). Cabe-nos reforçá-lo.

O sentimento de frustração nascido da decepção de uma vitória roubada deve desencadear, nos eleitores da FN, uma tomada de consciência no sentido de uma radicalização total e irremediável. Radicalização das convicções e radicalização dos projectos. Que permite, de uma vez por todas, acabar com a ilusão de que a direita pode salvar o que quer que seja no naufrágio da sociedade na qual vivemos. Marion Le Pen, a frágil e jovem mulher que mostrou que é de aço temperado, resumiu muito bem a situação ao declarar: “eles ganharam uma eleição mas perderam a própria alma (…) há vitória que envergonham o vencedor (…) As regiões que a esquerda ajudou a direita a ganhar são um presente envenenado (…) Se eles pensam que nos assustam, que nos desencorajam, estão enganados… Vamos redobrar os esforços e a combatividade”.

Enquanto o desemprego, a miséria, a insegurança, a imigração-invasão vão continuar, inevitavelmente, a causar mais estragos, não é tempo para desdenhar da militância, porque existem, claramente, a partir de agora em França, dois campos e apenas dois: os agentes (e as vítimas consentâneas) do Sistema e os Patriotas. Quando o inimigo está aqui, à nossa porta, não é tempo para preciosismos ou para discutir o sexo dos anjos. É por isso que marchamos ao som do canhão.

Pierre Vial

 

tradução por Duarte

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